o anúncio diz "não vale chorar". o meu corpo permanece sentado, hirto, com os olhos fixos nas letras vermelhas pintadas na parede. oiço gritos.
um homem fardado, a sair de uma porta verde, muito grande. os meus pés não chegam ao chão. o anúncio diz. faço cara de mau.
os meus dedos são pequenos. há cor de limão espalhada pela minha roupa. chamam-me, mas eu não oiço, eu nunca oiço. confundo, confundo tudo.
é de manhã. passeio-me por entre ruas desertas. ao fundo, apitos. e ao chegar a casa, ao fechar-me no quarto, ao fechar os olhos, percebo que
era uma vez na infância
e, nos olhos fechados, hoje, outra vez, há um anúncio que diz " não vale chorar".
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, fevereiro 25, 2004
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