Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, fevereiro 20, 2004
era isto, mariana
abro a luz. tenho a porta engolida pela existência da casa. oiço barulhos cheios de perspectivas enganadas, moedas caídas sobre os seios de uma voz sem corpo e sem cabeça que se ergue pelo ar irrespirável. abro a luz, meia noite, meio da noite perdida. não descanso com os números a gastarem-se no quadro do despertador. mudo milhares de vezes de posição, o corpo inquieto, rebolado. se me pouso sobre o lado direito é a luz passando sob a frincha da porta. se me repouso sobre o lado esquerdo é a dor nos ombros, no coração, na desdita da noite em que não páro de pensar. e, se enfim durmo, é pesadelo. abro a luz, nas costas da cama pendurada. abro-a como se fosse uma janela com vista para a desgraça do meu corpo semi-despido deitado em lençóis sujos. não há brisa. apenas o cheiro putrefacto do meu processo de alcoolização. rastejo de uma ponta à outra da cama, depois regresso ao início. não durmo. abro a luz.
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