isto sou eu a dançar com uma nuvem de fumo, nuvem crescida dos cigarros dos homens que param na mesma que eu, quando o sol está ausente e o ar é frio. lá fora, do outro lado do vidro, não há nada que nos possa interessar. do lado de cá, onde o fumo impera, não há nada que nos possa interessar. é simples. pode parecer demasiado depressivo. mas é exactamente assim que as coisas funcionam.
na televisão, rectangulos verdes e camisolas coloridas. pessoas tristes que chegam e partem sem dizer nada de novo. gente que é sempre igual, altura ou fase da vida ou ano. eu já não penso. já não respondo. deixo seguir. digo boa noite e digo adeus. não discuto. não preciso. não vale mesmo nada a pena. deixo estar. e sorrio, sorrio sempre. não custa nada acionar essas dezenas de músculos.
agora já tarde, já se fechou a janela sobre o final da semana que preferes esquecer. já deixaste cair as pálpebras, já não ouves nada daquilo que te possa chegar pelo telemóvel. já não sonhas sequer. deixas que o tempo se consuma sem direcção. eu estou algures em lado nenhum. o inominável tomou conta de mim. agora as portas estão ausentes, de nem fechadas poderem estar. olho uma última vez o relógio e digo adeus. um adeus como já não se sabia dizer há muito tempo.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, fevereiro 14, 2004
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