tens a mania de me ligar a meio da noite para me dizeres que me queres foder. acordas-me. aliás, pouco te importa o que eu esteja a fazer. a dormir, a ver um filme, num bar com amigos. isso a ti não te interessa nada. telefonas-me e dizes-me que me queres foder. eu tento disfarçar a forma como me desinquietas. tento falar contigo como se tivesses um qualquer recado para me dar. às vezes, se estou mais chateado, digo-te que estou a dormir e que não me apetece ouvir-te. mas tu não te ralas. falas do que estás a fazer com a tua mão, do que estás a pensar, do que te apetece que eu te faça. agora, nesse preciso momento. queres que eu te foda.
nos primeiros tempos até achava graça. pensava também que fazias isso só para gozar comigo e ria-me. o pior é que tu nunca mais paraste com a história. conveceste-me a ir tomar café contigo em lisboa. bem, nem foi bem isso. eu convenci-te que ia tomar café mas sem nenhum compromisso. tu quase que me comeste no meio das mesas do colombo. eu a fugir para a fnac, para te pôr a ver os livros, e tu sempre a agarres-me o braço, a enconstares o teu corpo contra mim, a quereres ver se eu me excitava. sinceramente, sentia-me muito atrapalhado com tudo aquilo. quiseste dar-me boleia até ao autocarro. quase me violaste no parque de estacionamento.
e agora, para além dos telefonemas, ver-te à porta da minha casa, a abrires a camisa ainda eu estava a espreitar pelo visor, a entrares com as mamas já de fora, a gritares, fode-me, maricas, fode-me, o daniel na sala, incrédulo, ele achava que eu exagerava no retrato que fazia de ti, tu a tirares a saia, com umas cuecas de renda vermelhas, a tentares beijar-me à força, a dizer que me amas, o daniel a levantar-se e a vir ao nosso encontro, tu a meteres as mãos dentro das minhas calças, eu a dizer para parares, para ficares quieta, o daniel a enervar-se e a perguntar que merda era aquela, e tu, quando finalmente percebeste, quando finalmente te entrou na cabeça que eu não queria foder contigo porque provavelmente nunca vou querer foder com nenhuma gaja, tu quase toda nua no corredor da minha casa, em frente ao meu namorado, não encontraste mais nada para me dizer do que, és um maricas insensível de merda.
e saíste nua para a rua.
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domingo, agosto 31, 2003
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