gostava de lhe chamar um nome qualquer.mas também sei que nenhum nome me poderá satisfazer, como aliás tão poucas são as coisas que me satisfazem. olho-me assustado no retrovisor do carro. uso as viagens para pensar em mim.em mim por dentro, onde vocês não podem ver.olho-me assustado ao pensar que me sinto tão isolado de tudo, tão isolado de tanta gente que poderia estar perto. ao fim de alguns quilómetros começo a sentir que me guio pelo retrovisor, em lugar de olhar para a estrada que se oferece à minha frente.felizmente,ou considerando o inconsciente como um bom condutor, nada se me atravessa à frente, nenhum acidente provoco ou provoco-me.
gostava de lhe chamar um nome qualquer, um nome bonito, identificativo de algo grandiloquente, que pudesse impressionar as pessoas e, quem sabe, até pudesse me impressionar a mim. no entanto é-me completamente inacessível esse campo de palavras que significam uma enormidade de significados ao mesmo tempo.volto a lembrar-me de que procuro uma palavra que não há.
fecho os olhos.abro-os. revejo-me no retrovisor. há um carro vermelho atrás de mim, um tanto ou quanto impaciente para me ultrapassar, mas impedido pelo trânsito em sentido contrário.respiro fundo e abrando a velocidade. nada me importa mais do que eu mesmo.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, agosto 17, 2003
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