é impossível não sentir a tentação de subir para cima de uma bicicleta e pedalar como pedalam os heróis depois de ver como o faz Nuno Ribeiro, um homem frágil na aparência e no trato, até há uns dias tão desconhecido como qualquer outro desconhecido que passa por nós na rua. vê-lo galgar estrada, montes acima, é para mim uma catárse, um renovado sinal de esperança. é como que reconhecer naquela cara magriça um sinal de um anjo que nos acorda a meio da noite para nos dizer que aquilo com que sonhamos é possível.
a sua ascensão tem todos os ingredientes para a constituição de um herói. o primeiro sinal foi dado há uma semana, na serra da estrela, e vê-lo, virgem, atingir o topo na frente de uma infinidade de pintinhas coloridas pela estrada não teria nada de mais especial do que reconhecer por ali um novo provável vencedor de etapas. mas com o decorrer da semana, Nuno Ribeiro, que continua a transmitir com o olhar um quase pânico pela condição sobre-humana que vai adquirindo, veio mostrar-nos como estávamos todos tão errados ao não termos reconhecido na chegada à torre, o sinal de uma nova era que começa. Nuno chegou para vencer não uma etapa, mas uma volta inteira. e agora, quando imaginamos uma bicicleta, todos os sonhos que íncluam o seu nome são possíveis.
para mim, que tanta resistência tenho ao reconhecimento de heróis, são homens como o Nuno que me fazem vacilar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, agosto 16, 2003
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