Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

quarta-feira, agosto 13, 2003

do lado dela

mais uma vez o miguel não acertou com a hora do meu intervalo para café. o sacana ainda não percebeu que ter um intervalo entre as 10h e as 10h15 significa ter um quarto de hora para tomar café com ele, sempre que ele quiser. o parvalhão ainda não percebeu que a estes quinze minutos não dá para chegar atrasado, senão deixam de ser quinze minutos.
obrigou-me a ouvir o enésimo relato da discussão entre a Alexandra e o marido, as dores de costas da Helena, a pequena constipaçãozinha da Sãozinha.
boas colegas nem sempre são boas companhias para o café.
decidi esticar os quinze minutos só para que o Miguel não desse outra vez com a cara num café vazio. entretanto aparece-me à frente o Leonel Marques, o actor preferido do Miguel. fiquei sem saber bem o que lhe dizer, mas ao ver que ele trazia um livro com o Max Monteiro na capa, decidi falar-lhe do filme em que ele faz colecção de pintelhos. achei que ele ia gostar.
parecia que não estava muito bem disposto, mas acabou por se sentar na minha mesa. mesmo mal disposto, não deixa de ter um ar de conquistador-educado-com-o-casablanca. eu queria perguntar-lhe sobre o filme que eu sabia que ele andava a fazer, mas aquele ar de quem acha que me vai comer irritou-me.
estou à espera do meu namorado, pedi-te para te sentares para lhe fazer ciúmes. o gajo embasbacou. fingi que não o conhecia e falei-lhe de uma novela que eu tinha ouvido a Sãozinha a relatar antes do intervalo. 80% das minhas colegas são fixadas na novela das 22h que passa na SIC. o actor acendeu um cigarro e pareceu não se preocupar.
fodido.
quando o miguel entrou, o gajo fez o papel dele e foi-se embora. o miguel nem queria acreditar, tinha apertado a mão ao Leonel Marques, o Leonel Marques, estão a ver bem? ficou radiante com este meu esquema.
só me chateou o facto do actor ter saído do café tão contente.

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