por tua causa repenso os usos habituais da gramática das línguas latinas. fazes-me pensar nisso. quando estamos deitados na cama, a fumar um cigarro depois do sexo, penso nos usos correntes e não correntes das palavras em determinadas ordens. penso nas palavras que se escolhem para definir certas coisas. por tua causa, eu a fumar um cigarro, na cama, e a pensar nisso. por tua causa.
por tua causa encontro-me, a certas horas do dia, a dizer querido meu quando talvez devesse dizer meu querido. isto nas coisas da língua é muito pouco acertado pensar que se deve isto ou aquilo. talvez seja como nas relações. não há um modo correcto de fazer as coisas, faz-se e espera-se que tudo corra pelo melhor, que as pessoas nos compreendam. por tua causa, a certas horas do dia, eu a dizer as coisas da maneira que a maior parte das pessoas não entende. a certas horas.
por tua causa, despido na casa de banho, a passear a lâmina de barbear pelos braços. faço caminhos para a tua língua por entre os meus pelos. eu, despido, na casa de banho, a meio da manhã, a fazer caminhos, caminhos de pele, por entre os pelos. tu a falares no teu modo peculiar de dizer, que eu sei que vem de outras vidas, de outras manhãs, e eu a fazer caminhos, caminhos, até que me tocas e eu gemo. prazer, sim. por tua causa. sim.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, março 13, 2005
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