quem saiu para a rua
para escrever um poema?
quem disse que o vento mostra mais que as palavras?
isto aqui sou eu, a rastejar.
isto aqui sou eu, a parar encostado a uma parede.
a querer ouvir o tempo que passa ali.
isto aqui sou eu, a repisar a repisar a repisar.
a minha vontade infinita de faltar a compromissos, aqueles compromissos aos quais eu nunca faltei. ele foi sempre tão certinho. chegas sempre a horas, sempre a horas. que pontualidade. a minha vontade de amanhã não ir, não aparecer, não estar. mandar uma mensagem de última hora a dizer que me sinto mal e. e. e. não ir.
ausência minha que te partiste.
como eu me reparto pelos pratos de quem tem apetite para estas carnes envelhecidas. para quem ainda quer morder o que ficou para trás perdido nos sonhos de alguém. porque eu já não sou nada daquilo que fui. e aquilo que eu fui já foi há tanto tempo. há um monte de músicas tristes a ecoar na minha memória. posso te dizer baixinho. foi o que ficou dos dias que passaram.
faço o diário de poemas e de frases que não existem. faço um diário da vida que não vivi. porque eu estou tão formatado como todos aqueles que eu critico. eu estou. paragem errada, diria o motorista. veja lá bem se quer sair aqui. eu dou as voltas que tiver que dar para ficar a falar de mim. e fico. a falar de mim. de preferência, sozinho.
sozinho.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, março 06, 2004
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