porque cada vez que abres a boca, eu penso que devias ficar calado, muito caladinho, só a ouvir esse som inigualável do silêncio. não que exista alguma razão muito grande e alta para isso ser assim. só porque.
isto aqui sou eu, a não querer dizer nada do que estou a sentir agora. acho que não tenho esse direito. não vou, não vou deitar para fora mais qualquer uma daquelas coisas que penso agora. mostro só uma pontinha. é ternura.
procuro um emprego estável onde eu possa estar a vida inteira distraído. onde eu possa ser aquele que tem desculpa por. onde eu possa não ser à minha vontade. procuro um emprego. simples.
faço questão de estar rodeado de lenços de papel, para o que der e vier. faço questão de ter os óculos escuros sempre à mão, para o caso de ficar sol. faço questão de ter o telemóvel ligado, para o acaso de me quereres acordar a meio da noite. se precisares de mim, estou do outro lado dos números.
da próxima vez que me quiseres puxar pelos colarinhos e beijar, podes fazê-lo sem avisar. eu vou estar sentado no sofá da sala, a olhar para aquela fotografia grande de quando eu tinha vinte anos, a fumar na varanda. as pessoas que eu conheço não estão a fazer nada na vida. aposto que também não iriam fazer nada para a morte.
penso comprar uma bússola lá para o fim do mês e começar a andar em direcção a norte. não, não quero encontrar ninguém. apetece-me só morrer no mar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, março 05, 2004
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