que fácil é amar aqueles que saiem da nossa vida pela manhã. aqueles de cujos os casacos já não temos que nos desembaraçar quando as noites estão frias e queremos levantar os corpos dos sofás. quando abrimos bem os olhos, eles já não estão lá. viveram demasiado rápido, respiraram demasiado ofegantes, saíram pelas portas que já não encontramos agora. agora, que abrimos os olhos. que fácil é amar aqueles a quem não temos que dizer olá todos os dias.
que fácil é desejar aqueles que ainda não entraram na nossa vida. aqueles de cujos os copos não tivemos que provar quando já só resta sede e nenhuma vontade de beber. eu diria, é como andar de olhos fechados, meu bem. e fazê-lo sem tactear. como se um som qualquer vindo de longe nos orientasse, nos conduzisse a um sorriso límpido e infantil. esses, são aqueles que ainda nunca nos disseram uma palavra, nunca nos deitaram um olhar, nunca nos respiraram sobre a face molhada saída de um banho. que fácil é desejar aqueles que ainda não se re-conhece.
que fácil é matar aqueles que nos amam sem condições. que fácil é matar aqueles que se nos oferecem como manjar. que fácil é deixar cair a lâmina sobre os pescoços de quem nos quer beijando o pescoço. é como cair num sofá onde o mundo deixou de fazer de sentido. como abraçar uma causa perdida e sorrir, sorrir como quem ri, ri perdidamente. procurar os óculos no fundo do saco e partir à aventura, agora que se vê o mundo com outras cores. que fácil é matar aqueles que nos dizem sim, sim, sempre muito, meu amor.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, março 13, 2004
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