sou suspeito desse crime que insisto em repetir. uma pedra azul a saltar-me da boca, sempre que abro os olhos no regresso do mar. normalmente, sento-me na beira de uma mesa de café e peço um chá de estrelas. mesmo que com medo de encontrar um vale escondido dentro da chávena. seguro a colher com o cuidado dos magos e deslizo o olhar com a ciência dos antigos. muitas vezes, tenho recaídas. sou suspeito.
ao lavar os pés nas águas das estradas, corro muitas vezes o risco de me contaminar de motores que passam. nesses dias, cedo à viagem e parto à procura do que ainda não tive. ou, talvez, de tudo aquilo que gostei de ter. alguém me envia uma mensagem para me avisar de que o mundo é igual em toda a parte, em todas as épocas. eu abro o chuveiro das ideias e fujo do óbvio. perto do final da minha aldeia há uma saída para esta história.
rompo as roupas com que me vestiram os meus pais. e depois tremo com a incerteza de se andar assim a oferecer uma nudez a quem não me quer por perto. insisto em entregar-me nos momentos e nos locais errados. e tenho sempre pressa em apagar as coisas que pretendo escrever na pele das mulheres que vou encontrando nas misérias da minha imaginação. leio e releio o diário do apaixonamento. e procuro a pedra azul. sou, ainda sou, suspeito.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, março 09, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário