essa insustentável leveza de se ter andado a tarde toda em pé de um lado para o outro e agora finalmente poder esticar os pés sobre o sofá grande da sala enquanto se vai desapertando lentamente o cinto das calças. sorriso. brincar devagar com os dedos todos do pé direito. depois, o esquerdo. esticar os braços, redescobrir as pequenas dores pelas costas. desligar, finalmente, o telemóvel. e fechar os olhos.
abrir muito a boca, num bocejo prolongado pelo zapping da televisão. gemer, aos soluços, durante três publicidades engraçadas. parar num canal de música quando aparecem umas mamas a saltar. espreitar um canal francês, para dar uma de intelectual.e depois coçar o corpo todo, da cabeça ao púbis, largar um alegre peidinho e gritar de enfado. aaaaahhhhrrrgrrggg.
acordar, umas horas mais tarde, com mais dores nas costas e o cansaço ao dobro como numa máquina de calcular. ter na cabeça todas as notícias incessantemente repetidas durante a noite. perceber, enfim, que já se perdeu a oportunidade de ter dormido umas boas horas na nossa caminha, que é tão confortável. maldizer o sofá e a tentação que este exerce. tentar levantar o corpo do torpor mas perceber que as pernas estão dormentes. e as dores no pescoço, as dores no pescoço. olhar para as horas, e mesmo antes de ver os minutos, perceber que tudo está estragado.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
terça-feira, maio 11, 2004
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