Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

sexta-feira, maio 28, 2004

caranguejo pelas paredes

abrir muitos os olhos e deixar ficar o tempo todo para trás, sim, eu diria que isso é que é a vida a vir beijar-nos a boca, mesmo que seja já de madrugada e todos os bares estiverem fechados para obras. eram depois das três da manhã, disso lembro-me eu, e também sei que não ouvi nada do que me tinhas para dizer. está lá? está lá? sim, tudo bem, mas o meu telemóvel estava desligado, dá para acreditar? se chamou, não me chamou a mim.

faz-me impressão ficar assim deitado de barriga para baixo na cama, começam-me a doer os ombros e o pescoço e, passados uns minutos, dói-me o corpo todo. mesmo que haja um gajo gordo no restaurante a dizer-me que inventa umas frases muito boas e agora já não se lembra de nenhuma. eu de barriga para baixo é que não fico. e depois tenho a mania de olhar para o relógio, de arderem os olhos e de cuspir para dentro de um caixote de lixo. não sei bem o que se passava, mas acho que ouvi dizer que aquilo ainda ia afectar o bailarino. depois era de manhã e havia bares de strip. só em promessas.

porque eu andava há tanto tanto tempo para ler aquela carta escrita aos peixinhos e não sabia como o fazer. acho que tinha medo de descobrir as coisas que eu já sabia que existiam. e assim fazia-me de parvo, sempre a olhar para o lado quando vinham carros de frente. e mesmo que me chamassem da outra esquina da rua, eu avançada impune, com a espada a tiracolo, como o sargento silva ( ou seria o chefe silva cozinheiro?). o pior de tudo, diria ele, ainda são as hemorróidas. é verdade, é verdade. e a quando a porta se fecha, aparece o polícia sinaleiro.

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