fazemos assim, eu sento-me aqui nesta cadeira e tu sentas-te ali naquela, ao fundo, sentas-te e quando eu disser, agora, quando eu disser, tu podes começar a contar a tua história, está bem, começas a contar a tua história e eu fico aqui a ouvir-te, a ouvir todos os pedacinhos da tua história, podes dizer onde deixas os parágrafos, onde deixas as vírgulas, as palavras separadas graficamente da frase, tudo o que quiseres, dizes, eu fico aqui a ouvir, a ouvir, a ouvir.
fazemos assim, tu dizes para eu fazer as coisas como tu queres que eu faça, tu dizes quem se levanta primeiro, dizes quem pode falar, quem pode sair, quem pode entrar, tudo isso, está bem? tu levantas-te ou sentas-te, como quiseres, dizes as coisas que tens a dizer, fazes o que tens a fazer, como se fosse uma obrigação, melhor, uma necessidade, uma coisa assim, fazemos assim, é mais bonito, vai ser muito bonito, eu tenho a certeza, sim, tenho a certeza que sim.
disseram-me que nada acontece por acaso, percebeste, nada acontece por acaso, ninguém diz nada só por dizer e então, tu aí sentado vais dizer coisas importantes, como terá que ser importante o facto de hoje me terem dado duas canetas no clube de vídeo, ou de me dizerem no médico, agora já não tem borbulhas na cara, nada é por acaso, por isso, eu fico aqui sentado, está bem, eu fico aqui e tu aí, sentas-te e dizes o que quiseres, como quiseres, podes ter a certeza, ter sempre a certeza, eu vou estar aqui a ouvir, a ouvir, sim, a ouvir-te.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, dezembro 31, 2004
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