não há história nenhuma para contar, sentamo-nos a uma mesa de café e falamos, falamos de tudo aquilo que não nos fere o coração, um coração ferido é uma coisa tão feia, puxamos por palavras que nos sejam fáceis, olhares que não nos comprometam, não damos o flanco, não damos a cara, e saíndo da porta, lá fora é tudo igual, amanhã há mais.
bebemos café, bebemos chá, bebemos àgua, gozamos com tudo o que quisermos, com tudo o que nos apetecer, gozamos até com o facto de escrevermos uma vez mais alguma coisa em mesas de cafés, está frio e lá fora, é tudo igual saíndo da porta, dizemos, este texto está mal escrito, dizemos, esta mulher trata-me bem, e depois, e depois, amanhã há mais.
as coisas que se dizem quando se anda em fila em frente a um balcão, as coisas que se dizem quando se quer imaginar a mesa, o café, a fila, a pessoa, uma pessoa qualquer, temos um caderno grande para fazer apontamentos e uma cabeça pequena para guardar memórias, se eu me lembrasse do que penso não teria que escrever, não teria que dizer, amanhã há mais.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quinta-feira, dezembro 09, 2004
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