as minhas histórias são recantos do campo onde a bola nunca chega. entras no jogo, feliz de seres escolhido e não percebes que nunca te vão passar a bola. estás lá para fazer número, estás lá para completar o onze. o teu olhar de confiança mete medo aos teus colegas. pensas para fora, coitado. pensas para dentro, devia estar-me a cagar. e não estou.
penso e repenso nessas coisas, agora e sempre. se eu tenho um entusiasmo, encolhem os ombros, se marco um golo, foi só normal. tudo o que fazem é muito melhor, muito bom, muito tudo. eu sou o outro, o que está para fazer número, o que ninguém sente falta nem assina autógrafos de meninas histéricas. não faço papel de dono da bola. peço para cagar e saio.
por muito que me custe, eu também não gosto de nenhum deles. isso atrapalha-me mais do que me ajuda. sempre que corro ao lugar de outro, para tentar chutar a bola, não sei como se faz, tenho medo, chuto ao lado. parece que jogo mal, parece que me desajeito. eu sou o que faço número, o que está por ali. "conta-lhe a história a ver se ele percebe". quando nenhum deles percebe que o meu campo já nem é dali.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, dezembro 24, 2004
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