Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

sábado, agosto 14, 2004

|fragmento de diário|

onze da manhã: acordei com os dedos frios, a janela semi-aberta, o meu corpo abandonado sobre a cama que nem estava aberta. vestido, só as calças, as mesmas calças com que me lembro ter chegado a noite passada. ainda assim, abertas. levantei a cabeça da cama e senti o peso de tudo aquilo que não ficou por beber umas horas atrás. sim, sim, ressaca. só a muito custo consegui sair da cama, caminhar, arrastando os pés pelo corredor, até à casa de banho e aí, perante aquela luz fria, cair de joelhos. vomitei na sanita.

meio dia e vinte cinco: consegui tomar um duche, embora me tenha sido difícil entrar na banheira, tal a inércia de todos os meus membros e a fragilidade que se apoderou do meu cérebro desde que acordei. sento-me no sofá e tento reconstruir a noite. lembro-me de ter voltado a casa com as mesmas calças com que acordei. começar do fim. humm... estava com os copos, isso é claro. mas como? começar do início. fui jantar fora. éramos uns quantos, tudo malta lá da empresa. depois... bem... depois.

treze e quarenta e quatro: sim, o bar do andré. o bar do andré estava cheio de miúdas giras. sim. eu já estava com os copos nessa altura. o jantar foi para festejar a minha promoção na empresa. vou ser chefe de gabinete. o marcelo e o vitor também se embebedaram muito depressa. o lino levava o carro. falta aqui alguém, lembro-me de se queixarem que iam muito apertados no banco de trás.

catorze e vinte cinco: lembro-me que acordei com os dedos frios. e que ontem me esqueci de tudo. telefonei ao marcelo, estava desligado. o lino, o lino disse que me deixou à porta de casa com a joaninha. a joaninha... é a uma miúda do escritório, disse-me ele. hum hum... não faço a mínima ideia.

quinze e seis: vomito.

quinze e trinta e quatro: desligo o computador, arrumo alguns papéis de deixei em cima da mesa, de outros trabalhos. saio de casa. tenho que aquecer os dedos com o sol.

5 comentários:

FBatista disse...

Ontem.

dez e meia da manha: Já acordei há cerca de 4 horas atrás mas o corpo n obedecia ao cerebro. Levantei-me e pela imagem que vi no espelho do quarto...pareçe que a noite foi complicada. Prefiro não me lembrar como adormeçi nem como ainda estava vestida em cima da cama. Se a minha mae visse isto chamava-me logo devassa e vadia que "em vez de andar a estudar só sai á noite" mas eu não saí á noite...estive estendida na cama a tentar controlar o choro. A água do banho pareçe lavar todas as mágoas mas eu sei que é so ilusão...a água ainda não lava a alma. Todas as manhãs o corredor pareçe mais comprido...porque será? Dirijo-me á cozinha e olhando para o relógio que resistentemente está pendurado na parede " porra...la se foram as duas horas de anatomia" onde a minha decadência chegou.
Entre 2 torradas queimadas e um copo de leite...lá acabo por comer cereais e vou enjoada vestir-me tentar não vomitar com o esforço que tenho que fazer para vestir as calças de ganga.

meio dia e vinte cinco: vesti-me porque tinha combinado almoçar com os colegas de pediatria. Pareçia que nada cabia no meu corpo...tudo me apertava e irritei-me. Chorei...Despi-me, larguei tudo no chão deitei-me nua entre roupas e livros que ironicamente me falavam para as curas de todos os males...e os do coração...onde há cura para isto que eu sinto. Desejei que alguém ali me fosse levantar do chão mas ninguém sabia...ninguém soube que eu n tinha força para viver, nada me prendia á vida. Gritei e Chorei...muito.

quinze e trinta minutos: Devo ter adormeçido, 24 chamadas não atendidas no telemovel. Com a voz rouca lá disse a custo á a uma colega que supostamente tinha feito uns 10 telefonemas que estava doente e não queria sair de casa. Andei por ali despida ainda um bocado a entar descobrir o que ia fazer se saia de casa ou não...não saí.
Ouvi a porteira a levar os caixotes do lixo interiores, que barulheira...enfim. Pareçe que hoje toda a gente saiu de casa menos eu, desceram os cães do sexto andar passaram aqui pela porta a correr e a ladrar. Socorro...ninguém faz silêncio hoje?
Ganhei forças e la fui beber um café. Tudo me irritava...até o dia nublado que não me deixava usar óculos escuros para não se ver a minha triste figura.

vinte horas e quarenta minutos: fui fazer o jantar e não comi bebi sumo...que me estragou o resto da noite. Caiu-me mal e vomitei tudo...
Realmente só o que faltava para por o dia nas ultimas era o vómito. Muito obrigada...

vinte e três e cinquenta: fui tentar beber um chá depois de deixar de vomitar...visto que tremia por todos os lados. Nem me lembro de ter feito o chá, só de o beber. Estranho no minimo...bebi o chá sentada no chão encostada ao frigorifico e começei a lembrar-me de tudo o que me atormentava. Chorei de novo... parti a chavena. Chorei e adormeçi.

FBatista disse...

eu não escrevo como tu mas la vou tentando:) ai está o relato do meu dia de ontem...há! e respondi.te no meu blog.
Um beijão@

FBatista disse...

Não pensei que me procurasses...não pensei mesmo. Achei que era eu que de certa forma me impunha no teu blog. Até achava que estava a ser chata...inconveniente. Será que me queres mesmo encontrar? sim uma voz é sempre uma voz...

FBatista disse...

Não pensei que me procurasses...não pensei mesmo. Achei que era eu que de certa forma me impunha no teu blog. Até achava que estava a ser chata...inconveniente. Será que me queres mesmo encontrar? sim uma voz é sempre uma voz...

FBatista disse...
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