o porco entra e sai de casa como e quando quer. o porco é assim. anda com as costas tortas mas tem os olhos sempre fixos no interlocutor. mesmo quando não consegue abri-los. o porco não caminha, pisa. pisa o chão com toda a raiva que deus lhe deixou nas marreca das costas e arrota. arrota pelas mesas limpas das casas das meninas que visita. o porco entra e sai quando quer. o porco é assim.
não se pode dizer que cheire mal, o porco tem um cheiro muito peculiar. muitas das pessoas afastam-se dele quando o podem cheirar, apesar de ainda haver quem se aproxime. não se consegue explicar a atracção que um porco pode exercer. olhando bem para ele, numa segunda análise, ele não tem nada que nos possa interessar. mas há muita gente que gravita em volta do porco, que se deixa pisar, agarrar, pelo porco. o porco é assim.
na cama onde prolonga ao infinito as suas noites mal dormidas, o porco balança os seus muitos quilos de um lado para o outro. algures nas escadas do prédio, uma das suas bafejadas, remexe um saco de lixo à procura de provas irrefutáveis das porcarias que o porco faz. o porco ronca, ressona, peida-se. a bafejada ainda não o sabe, mas é tão porca quanto ele. o porco funciona assim.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, agosto 25, 2004
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