enquanto puxo o fecho do casaco até ao pescoço, vou descendo as escadas e sorrio por dentro. agora tenho a certeza, tu não percebes nada de gajos. confesso que me conseguiste enganar este tempo todo com as tuas teorias para tudo, as tuas justificações anatómicas, as tuas ideias machistas sobre tudo e todos. mas agora, agora que te vejo tão bem no escuro desta noite que acabou, sei que não percebes um chavo de gajos. mas é que não percebes mesmo nada. procuro um cigarro no bolso das calças mas só encontro um maço vazio. dou um grito. a rua está deserta.
essa tua mania de andares sempre de um lado para o outro a rir, a tentar dar nas vistas, essas merdas, lamento dizer-te, mas isso fica-te mesmo mal. não é nada de pessoal, já te o disse há muito tempo. e se alguma vez te sugeri que te queria levar para a cama, sabes muito bem que foi por nunca ter querido levar-te para a cama. se percebesses alguma coisa de gajos, terias percebido. mas assim não. finges só que não ouviste. finges só que não leste nada do te escrevi nos e-mails. fazes só de conta que tens imensos gajos atrás de ti. eu dou mais uns passos enconstados às montras e sorrio, outra vez. sim, tens um monte de gajos atrás de ti. mas são todos idiotas e estão a olhar para a gaja de mini-saia que está na mesa ao lado da tua.
falas muito mas continuas a beber suminhos naturais, filha. sim, é mesmo verdade. neste preciso momento existem milhares de gajas que sem nenhuma teoria, sem nenhuma provocação, sem nunca sequer se terem sentado numa esplanada a fumar tipo sapo, milhares de gajas, que estão a ser fodidas por outros tantos milhares de gajos que lhes estão a dar um prazer daqueles de subir a paredes e de chorar por mais. e nenhuma delas se está a queixar de no fim ainda ficar com o sémen deles guardado algures entre o preservativo e os lábios. por isso chora, filham chora. porque não percebes nada de gajos. e nem tomates consegues arranjar para beijares a gaja que se atira todas as manhãs ao balcão do café.
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quinta-feira, janeiro 15, 2004
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