fecho-me dentro do carro e fico a ver a chuva a cobrir todo o comprimento do vidro. em poucos minutos, já não vejo nada do lado de fora. já não vejo o mar.
abro o livro na página que tinha ficado marcada e leio. leio devagar, silencioso, e a pouco e pouco vou levantando a voz, exaltando a minha leitura.
ligo o carro e conduzo-me por estradas secundárias durante mais de duas horas. oiço rádio. penso em coisas, nas minhas coisas. digo asneiras.
chego sempre a qualquer lado, muitas vezes a lugares em que não me agrada estar. páro. escuto. saio. entro. servem-me um copo de vinho e tratam-me pelo nome que quase ninguém me trata. corto pedaços pequenos de chouriço com uma navalha.
aqui sentado, relembro quem me dizia ontem que todos os escritores são narcisistas. pois. eram onze da noite e ele falava de uma mulher que o amava mais que tudo. pois.
gosto de ficar em silêncio. por não saber muito bem o que dizer.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sexta-feira, janeiro 23, 2004
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