a solução, basicamente, passa por não pensar muito nisso, agora que já me decidi a falar destas coisas aqui em público. aquilo que durante muitos anos guardei para mim, para os meus íntimos pensamentos, passo entretanto a divulgar publicamente, como se não tivesse qualquer controlo sobre as coisas que digo ou escrevo. o primeiro sintoma disso mesmo foi quando no elevador, ao dar de caras com uma vizinha minha, casadíssima à anos com um gajo que até é muito simpático, lhe disse que ela estava a ficar velha, que agora já não valia nem metade daquilo que ela era quando a conheci, há uns seis ou sete anos. ela ficou um bocado escandalizada, chamou-me estúpido, e acredito que agora me deixe de falar. mas o que querem eu que faça?
simplesmente não sou capaz de me controlar. chego ao café, ao pé de amigos meus, e insulto-os quando me dão as boas noites. agora digo tudo o que penso. chamo careca ao dono do café, que até usa capachinho, e faço manguitos para os velhos que se sentam na mesa ao lado, só porque eles são do benfica. digo a jovem que entra por lá que não o suporto e cuspo ao sair do café, digo que aquilo me mete nojo e coisas assim. é mau, as pessoas vão deixar de gostar de mim.
o pior de tudo foi o telefonema que recebi esta manhã. " Luís, o meu marido leu aquilo que escreveste, e está super chateado comigo. quer saber o que é que significa isto que escreveste. ele gosta de te ler, mas, se bem te lembras, em 98 já eu namorava com ele, certo?" eu fiquei atrapalhado, mas o que queres que eu faça? ainda tens o meu número, óptimo, vamos sair. mas ela é casada, fiquei a saber que tem um filho e que está farta destas minhas merdas, de eu estar sempre a voltar ao mesmo assunto, depois de lhe passar uns tempos sem dizer nada. mas agora que eu me decidi a fazer isto, o melhor é não pensar mesmo nisso. as pessoas vão deixar de me falar, mas, o que é que querem que eu faça?
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domingo, janeiro 04, 2004
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