Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

quinta-feira, setembro 04, 2003

pássaro

quando eu olho para aquele pássaro morto, lembro-me sempre de ti, abraçada a mim, com o teu olhar mortiço e distante, de quem não tem nada para dizer. sim, és linda. mas acabas-me sempre por frustrar com a tua ausência de espírito. eu digo, beija-me, abraça-me, come-me. e tu, sempre igual, só fazes o que eu mando. não fazes nada que eu não diga para fazeres. e abraças-te a mim, com o teu olhar de quem já não está ali.
depois, eu sei, vais-te queixar de que eu sou um bruto, um insensível, um tarado. só porque te dou umas palmadas no rabo quando te fodo. só porque te peço para vestires roupas muito justas. quando te digo que era giro brincarmos aquele jogo que vimos na revistas, a história da encenação do enforcamento. estás sempre a incriminar-me de queres fazer algo completamente nojento. és uma púdica. e eu zango-me. e tu abraças-te a mim, com o olhos fechados.
e vem-me sempre à ideia aquele dia em que nos conhecemos. o dia em que te sentaste na mesa do café onde eu estava com o Dário. eras uma amiga dele do curso de não sei o quê. linda. fabulosa. e estranhamente curiosa acerca de mim. acerca das minhas manias de pintor.ai, um artista, que giro. e quando me incrimas de tudo e mais alguma coisa na nossa relação, eu sei que não percebeste nada da minha resposta. da resposta que eu te dei quando me perguntaste, qual a loucura que serias incapaz de fazer, e eu te respondi, eventualmente, a ternura.

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