eu pensava na cor que tinham as tuas janelas quando chegavas perto delas. sim, eu era o rapaz que passava os dias do outro lado da rua, a olhar o céu que era a possibilidade de te ver chegar. fizesse chuva, vento ou frio, eu ficava lá, à espera. nunca soube ao certo o que pensarias de mim, embora me pareça garantido que te tivesses apercebido do eu sempre ali. quando deixei de te ver, pensava em ti.
comprei alguns livros para me conhecer melhor. livros de auto-conhecimento, filosofia barata. sentei-me em bancos de jardim a folheá-los. procurei as palavras que me explicassem, para poder pousar os dedos nelas. os livros cheiravam a novo, como nada na minha vida. pensava, ainda, nos teus olhos, os teus olhos de terceiro andar. comprei os livros na esperança de, conhecendo-me por dentro, pudesse trazer os teus olhos até mim. de cá de dentro.
passam anos e anos sobre as coisas que amamos na infância. sim, é disso que se trata. um dia, tu passas por mim na rua, encontramos pessoas que pensávamos até já nem existirem. mas ainda tu. quando os livros ficaram esquecidos por onde não sei, o cheiro de novo esquecido, apagado. eu mais crescido, o brilho dos teus olhos que se desvanecera. não, não fiquei contente. mas lembrei-me de coisas que eu pensava já não existirem na infância.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, outubro 27, 2004
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