é melhor ficar por aqui, não ir a mais nenhum lado, pensar: que bom é estar aqui sentado a ouvir a chuva a cair, pensar: que bom é saber que tu existes e ter a idade de todas as cobras venenosas, olhar à minha volta e saber, pertenço a estas paredes, pertenço a estes objectos, e tal como eu preciso deles, eles precisam de mim, é melhor ficar aqui, não ir a mais nenhum lado, pensar: enfim, o amor, essa coisa que nos liga.
deixar que o telefone toque até parar, deixar que o telefone toque sem atender, pensar: sei quem tu és e eu não estou, pensar: sei para onde vou mas não sei como te dizer, e depois todos aquelas recordações a caírem nos meus pensamentos como moedas em telefones públicos, os meus pés a balançarem na cadeira, a chuva nos estores, deixar que o telefone toque até parar, deixar que o telefone toque sem atender, pensar: enfim, a dor, essa coisa que eu sei dizer.
dizer em voz alta que o tempo acabou e que tudo o que eu sei é que não há canções que te definam, pensar: ainda por cima tens os cabelos a escorregar pelos ombros, eu sei disso, pensar: estás longe demais e eu demasiado perto de já não ser mais ninguém, acabou enfim o relato de tudo aquilo que ficou por contar, o que vai restar é uma memória repetida à exaustão nestas tardes, nestas cadeiras, onde eu, a dizer em voz alta o tempo acabou e que tudo o que eu sei é que não há canções que te definam, pensar: enfim, haverá sempre uma estrada.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, outubro 09, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
...
Enviar um comentário