Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

sexta-feira, dezembro 30, 2005

repetição

ficava à porta da loja a ouvir as conversas das pessoas que passam e tinha em cima do balcão dois copos sempre vazios. espantava as moscas e os fantasmas com a mesma facilidade, a minha mão fugia para felicidade, mas ninguém é feliz a espantar moscas, quanto a fantasmas já não digo o mesmo, a coisa é mais difícil e deve ser bom chegar a casa e pensar, hoje espantei mais três fantasmas, estou feliz.

ficava à porta da loja ou ficava ao fundo da loja. não dava bem para perceber, a loja tinha duas portas, uma para cada rua, ambas as ruas igualmente movimentadas e antigas, a calçada desfeita, carros estacionados em cima dos passeios, lojas com donas velhas não para fechar, para morrer. há qualquer coisa que não se entende bem nestas ruas da cidade. há qualquer coisa que me faz fugir a mão da facilidade para a felicidade.

ficava à porta da loja, ora de um lado ora do outro, isso só deu para perceber depois de um certo tempo a passar por ali. as moscas e os fantasmas continuavam os mesmos, pois, afinal não eram eficientes aqueles copos vazios que com o tempo iam ficando cheios de pó. ficava à porta da loja, de um ou outro lado, cumpria os dias um atrás do outro, naquela felicidade fácil de se estar contente só porque se está ali.

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