Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

domingo, dezembro 18, 2005

guia pela cidade

se eu levantar as mãos do teclado, os meus dedos tremem.

depois de dizer isto, parece que fica pouca coisa por fazer, a seguir. continuo a olhar a folha em branco, continuo a ouvir a música a tocar.

e penso: esqueci-me. esqueci-me de levar as revistas que tinha pensado dar-te, esqueci-me de te perguntar que música gostas de ouvir. e penso: a igreja sempre esteve assim, torta, e eu nunca reparei. vejo: o senhor a falar do terramoto e eu a colocar-me atrás de ti, a ver por cima dos teus cabelos o altar, lá o fundo. ou antes: os teus dedos nas teclas velhas do órgão.

se eu ficar sem nada para dizer, o que digo depois é. ou não, o que eu não queria era dizer qualquer coisa que não tivesse sentido. assim: não passa por não dizer, passa por encontrar a maneira de o dizer - aquela maneira nossa, aquela maneira minha. sim. o tempo todo a imaginar-me abraçado a ti e só abraços disfarçados. qualquer coisa em mim tão descansada e qualquer coisa em mim a rir, a rir, a rir.

e penso: amanhã outra vez. melhor: ainda hoje aqui. sim: o tempo todo a querer ser de perto, a sentir-me a chegar. eram os teus braços abertos ou uma música que ouvi noutro lugar. uma maneira de o dizer, uma maneira de o dizer. a cidade tão bonita e as nossas mãos tão perto. era isto ou um chá no andar de cima. era isto ou não o que eu não queria dizer. se eu levantar as mãos do teclado, posso segurar nas tuas?

1 comentário:

Anónimo disse...

UOOU...
depois disto, pouca coisa consigo dizer...
Depois de uma manhã tão cinzenta,fizeste-me sorrir
Obrigada :D