pedi-te que não me abrisses a camisa. estou de pé à tua frente, baloiças o teu tronco contra o meu e eu fecho os olhos, sem pensar em nada. é boa esta sensação de não pensar, uma certa descoberta demasiado recente em mim. pedi-te que não me abrisses a camisa, talvez por medo, talvez por saber que o farias no momento certo.
baloiças o teu tronco contra o meu, o meu corpo obedece ao ritmo de uma música que nenhum de nós ouve. quando é que isto começou é uma pergunta à qual eu não sei responder. julgo que é daquelas coisas que aparecem nas paredes, sem que nós consigamos perceber se é dos canos ou da humidade do terreno. agora é assim, sinto-o.
pedi-te que não me abrisses a camisa. sempre tive medo de muita coisa, demasiadas coisas mesmo. sei, ou finjo saber, que tenho um percurso que os meus pés vão seguir, sempre à procura de novas ruas e novas avenidas onde pousar os olhos. sei que tu sabes qual é o momento certo. eu não sei de nada. não penso, sinto.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quinta-feira, dezembro 08, 2005
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1 comentário:
Que coisa! tu outra vez! Ainda há pouco te encontrei por causa de Ruben A., e agora de novo!
E ainda mais... hum... adorei a sensibilidade do texto!
Tens uma forma de escrever que me agrada muito!
Quase me farias pensar que o meu momento certo está a acontecer...
estranho. :/
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