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sexta-feira, dezembro 16, 2005

frio

dedicado a...

não tremas de frio agora,
agora não, eu já estou aqui
e então, não tremas de frio
agora, não, eu posso aquecer-te.

ouvi-te dizer do vento e logo a correr a abraçar-te, era isto que eu sonhava, manhã cedo pelo café, torradas sobre a mesa, migalhas, o meu olhar perdido pela janela, tanta gente que aqui vive e eu só com cabeça para ti, ouvi-te dizer do vento, ouvi-te dizer do frio, e logo a correr, logo a abraçar-te, era isso que eu fazia, esta manhã, no sonho, torradas e migalhas, a mesa.

os meus passos sempre tão pequenos e os meus sonhos sempre tão altos, sim, sentir que vivemos algures juntos numa fotografia muito velha, já fomos velhos avôs de alguém, pois, os meus passos sempre tão pequenos e o meu coração a bater com tanta força, com tanta pressa de chegar a lado nenhum, já fomos juntos, isso eu sei, e logo agora eu, os meus passos sempre tão pequenos, saber que tu os consegues acompanhar na lentidão.

ouvi-te dizer do vento, os meus passos pequenos, e logo logo a correr abraçar-te, era hoje de manhã, eram fotografias tão antigas, eu e tu e a janela, torradas e avôs misturados, migalhas, os meus passos pequenos e correr correr, ouvi-te dizer do vento e os meus sonhos, manhã cedo, era hoje, a mesa, a fotografia, já fomos velhos e ainda somos tão novos, ouvi-te dizer logo a correr a abraçar-te, foi isso que eu ouvi, sim, foi isso, foi.

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