de onde vem esse silêncio onde te calas, pensa ela agora que a noite cai, de onde vem esse teu não atender nem entender nada do que te digo ou penso. abre a janela que dá para a rua estreita e acende um cigarro tirado de um maço que a mãe deixou sobre a mesa da sala. são onze e meia da noite e eu não sei de ti, pensa. estarás talvez agarrado a uma cerveja. talvez estejas a olhar para as pernas de alguma míuda muito nova que páre pelo café. deita o fumo fora como quem deita memórias tristes para longe.
um dia, dois dias, três dias inteiros sem uma mensagem. ela envia mas nada recebe. ele ausentou-se. ausentou-se como é costume fazer, sempre que não lhe fazem as pequenas vontades. tantas vezes coisas insignificantes como torcer o nariz a um filme que ele diz adorar. outras vezes dizer bem da simpatia do rapaz do supermercado. mas eu só disse que ele era tão educado. ele apressa o passo e desaparece pelo metro. ela fica dias e dias sem saber onde ele está.
bastava procurares no café ou em casa. foi onde eu estive. é o que ele diz, secamente, quando volta a aparecer. reage como se nada fosse, como se habitualmente ele não lhe enviasse mensagens a toda a hora. como se nada fosse significa nem sequer se lembrar de nada que pudesse ter feito eclodir aquela ausência. nada mesmo, não há nada para dizer, o que é que tu queres. ela baixa os olhos e pensa se não será tudo inventado dentro da sua cabeça. sempre com mariquices, o raio da rapariga.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, setembro 13, 2004
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2 comentários:
Interessante este teu post.
Tens razão, a intenção é o mais importante...
Gostava de dizer o qto incrivelmente me identifikei com as tuas palavras, mas n tenho palavras próprias para o explicar... é estranho isto do amor, né?! Ass: JaNe
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