olha o tempo, grita um velho desdentado da bancada quando caio ao chão, dois segundos depois de ter levado mais um monumental encontrão do criminoso que veste a camisa quatro do adversário. hoje estou farto de levar porrada. cada vez que a bola vem, seja por terra ou pelo ar, vem pau também, do lado contrário. e agora, com o jogo a chegar ao fim, com as pernas cheias de negras, ainda tenho que ouvir um velho bêbedo da bancada, olha o tempo. penso comigo, o tempo o caralho. não me aguento e levanto-me, coxo, em direcção ao ajuntamento que se tinha criado junto à linha lateral. agora já corres, palhaço, grita o velho e já eu estou do lado de lá a espetar dois pitons no peito do fala barato. ataque à cantona em jogo regional, foi o título do jornal de notícias. o resultado foi uma ida à esquadra para identificação depois de ter sido salvo pela polícia de uma dúzia de alcoólicos de domingo em fúria.desta deve escapar-se, não se meta noutra, disse-me o agente de serviço. depois disto, bola só para o ano. impulsivo sempre fui, como diz a minha mãe. agora andar a bater em velhotes, é passar das marcas. diz que tenho de me dedicar aos estudos, à namorada, a outra coisa qualquer. eu não lhe digo nada. agarro nos livros e vou com eles debaixo do braço para o café em frente à escola. bebo umas imperiais e olho para as miúdas. isto da pancada não foi nada, penso comigo. o que me chateia mesmo, é que me andem sempre a chamar a atenção. isso é que eu não suporto. |
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
segunda-feira, setembro 27, 2004
castigo federativo
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