o andré, pode não parecer, mas está sozinho no mundo. aqueles que ele considera amigos, aquele que ele faz próximos, estão constantemente a ir embora. a mãe, estando presente, não lhe dá a confiança que uma criança daquele tamanho, daquela idade, oito anos, precisa. andré, pode não parecer, mas está sozinho no mundo. o mundo dele, o lumiar. e ninguém ama tão intensamente quanto ele.
o primeiro a partir foi o pai. não lhe disse nada, apenas deixou a sua ausência lá por casa. depois disso, foia sua amiga da escola. aquela que o defendia dos outros garotos, os que o gozavam, os que lhe batiam. andré parece um adulto quando pensa (e muito do que o vemos é o seu pensamento), mas é uma criança muito frágil no mundo lá dele. a amiga vai embora e ele fica exposto. por fim parte Nicolai, um vizinho, adulto, que acabou por o maravilhar numa pista de gelo. todos partiram. o andré precisa de amigos.
andré não sabe dizer pensamentos. ele pensa e pronto. ele percebe primeiro que o namorado que mãe lhe trás para casa só lhe vai fazer mal a ela. ele percebe primeiro que o Nicolai não tem jantar em casa. ele sabe que, no mundo dos grandes, se não dermos a mão a alguém ficamos sozinhos. ele sabe que as pessoas vão embora. ele sabe dizer asneiras. o andré é um valente. mas não deixem o andré sozinho.
(andré valente é o primeiro filme de Catarina Ruivo. Em exibição nos cinemas)
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, setembro 22, 2004
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