no outro dia ligaram-me do fim do mundo. alô, alô, não se ouve nada. era uma voz desconhecida e que parecia me insultar. eu tentei não me preocupar muito, afinal quem é que se vai querer meter com um gajo como eu, hein? eu sou um tipo forte, bem parecido, conhecido, reconhecido, vencedor. toda a gente gosta de mim, tenho a certeza. ligaram-me do fim do mundo e não deixaram recado.
depois, voltaram a ligar. eu disse que não estava a reconhecer o indivíduo e que não queria conversas. para quê? mas ele insistia e dizia, vou-te matar, vou-te matar, estás lixado, estás fodido. não se ouve nada, dizia eu. e ele repetia, que repetia, que repetia, e depois desligava. no silêncio ainda eu ouvia um rumor qualquer. depois, voltaram a ligar.
então eu pensei, e se eu fizesse disto um caso para a televisão? eu sou um gajo cheio de ideias, cheio de imaginação, podia lixar o tipo do fim do mundo dizendo que me estavam a ameaçar, ia à televisão, chorava, fingia que estava a fugir, falavam mais de mim, tinham pena de mim, diziam-me força zé e davam-me palmadinhas nas costas. mas o cabrão do fim do mundo não me matou, e acabou por me lixar através desta minha ideia. então eu pensei...
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
quarta-feira, setembro 08, 2004
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