vamos jogar ao jogo da solidão, tu dás as cartas, eu não. não consigo dormir esta noite, esta manhã. obrigo-me à cama quando já se ouve o dia a chegar lá fora. rebolo-me entre os lençóis amarrotados, dias e dias sem tentar endireitar a roupa. oiço o dia lá fora, as minhas mãos em mim, já um pouco incosciente. sono não é, talvez seja o mesmo frio de sempre, não aquele que toca os pés, mas o que nos arrefece por dentro. vamos jogar ao jogo da solidão.
acabo por adormecer mas acordo constantemente. se eu dependesse de químicos, tomaria comprimido atrás de comprimido para dormir. até não acordar nunca, ou talvez já de noite outra vez. como não, as minhas mãos em mim, e voltar a puxar mantas e lençóis para cima da cara, ao corpo a rebolar de um lado ao outro, à procura da calma, da calma, do sossego, à procura de estar quieto, mesmo por dentro. vamos jogar. não precisas sequer de dizer nada.
comecemos o jogo da solidão. o mesmo sair da cama cheio de pressa para não ir a lado nenhum, uma estúpida necessidade de repetir os mesmos gestos, as mesmas coisas em todos os dias marcados. persigo uma rotina que não tenho, que não existe, persigo uma companhia que não tenho, que não existe. e talvez eu faça tudo errado, ou não saiba dizer as coisas, ou não sei, não sei, não sei. comó é que se mostra que só se quer estar lá, por um momento? tu dás as cartas. eu não.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
domingo, janeiro 16, 2005
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1 comentário:
Danço eu... dança você... na dança da solidão...
Bela e dolorosa essa composição tua, que é tão nossa...
Saludos y besos
Luá
www.distraidavencerei.zip.net
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