a coisa mais próxima do amor que eu conheço é um abraço a uma desconhecida. é fechar-me dentro de um quarto com alguém que me incita ao beijo. é poder ser livre de pensar aquilo que eu quiser sem ter que planear consequências ou sem temer o que vai acontecer amanhã. porque amanhã já não existirá nem o amor nem o abraço. tudo o que fica é um licor doce que me escorre dos lábios, sedentos que estão de serem beijados. e que assim se perduram pelos dias em que me apago.
a coisa mais próxima do amor que eu conheço é um quarto vazio. onde as paredes são quentes e os cabelos sedosos. onde os olhares já se apagaram por detrás das lentes escuras dos óculos e as cadeiras se colocam nos locais previamente encenados. onde há música e onde a vida é tão lenta que só nos resta saboreá-la. e depois as palavras, a voz como as paredes, a pele como os cabelos, as mãos que se deviam ter tocado, os lábios que se deviam ter conhecido.
a coisa mais próxima do amor que eu conheço é ver-te sentada no chão a pedir-me para sair. é poder voltar a abrir a porta apesar de todo o meu corpo querer ficar. é descer as escadas com a sensação de inacabado. com o desejo todo por explorar. com a vontade toda a explodir dentro de mim. a coisa mais próxima do amor que eu conheço é ficar sem saber como responder ao teu carinho, à tua doçura. porque tudo isso me transporta para onde eu não sei estar.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, outubro 11, 2003
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