Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)

quarta-feira, outubro 08, 2003

Observar

Eu sou a primeira pedra. E daqui, vejo tudo o que há para ver. Vejo o vazio que se preenche. A nuvem que desaparece e se transforma. Em chuva. A chuva que alimenta, cria, faz nascer. Tudo o que cresce. E nasce e morre. Tudo o que é vida. E que, sendo vida, depois dá vida a tudo o que é pedra. Como eu sou.

Eu sou o primeiro olhar. O que está para cá do conhecimento. O que ainda não viu. Mas que se vai descobrindo na observação. Sou aquele que ganha espaço no espaço dos outros, na visão transformadora. Naquilo que cresce do que não há. O hábito da dúvida feito lógica do empreendimento. Eu sou o primeiro olhar.

Eu sou o que está de fora. Para tentar ver o que ainda não foi visto. Por estar ao lado. Por estar de lado. Penetro no desconhecido que é teu íntimo. Sem incomodar, uso só o olhar. E depois, fabrico-me a partir de ti. Naquilo que te roubo. Naquilo que te ganho. Mesmo que sem te tocar. Porque. Eu sou o que está de fora.

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