planos de sábado à noite: fingir que não sei de nada, que não oiço nada, que estou sozinho. planos: beber imperiais num café até ficar farto do mundo inteiro e ficar farto antes das dez horas da noite. planos: fingir que não oiço nada. fingir que não oiço este chato que se sentou ao meu lado e fala, sem parar, do benfica, da comunicação social e das cunhas, como se tu estivesse ligado, formatado, para o lixar. planos de sábado à noite: preferir não existir.
planos de sábado à noite: ler todos os teus textos como se fossem mensagens para mim e chorar. planos: tomar três, quatro comprimidos para dormir e cair na cama, na cama que eu não faço há duas semanas, que está suja e começa a cheirar mal. planos: não arrumar, nunca mais, o meu quarto, deixá-lo assim como está, com roupa pendurada em todas as portas e armários, caída pelo chão, com dois baldes cheios de roupa por passar a ferro. planos: preferir não existir.
planos de sábado à noite: arrastar as pernas até casa. planos: desligar o telemóvel, mesmo quando eu sou incapaz de desligar o telemóvel, porque pode sempre telefonar quem nunca telefona. planos: dizer a toda a gente que sou um falhado e as pessoas começarem a acreditar. planos: porque eu estou cansado de ser diferente e estou cansado de ser igual. planos: deixar-me ficar mal sozinho, assim como assim, ninguém quer ficar mal acompanhado. como nos filmes italianos. FINE.
Arquivo do extinto blogue Esferovite- a vida em pedaços (13-08-2003/ 4-01-2006)
sábado, abril 30, 2005
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2 comentários:
Gostei muito deste texto...Diz muito...
És mto expressivo, gostamos... Continua. Tuas fãs...
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